Sou regularmente confrontada com pedidos de ajuda que envolvem queixas relacionadas com o stress no trabalho. As queixas incluem:
Dificuldade em lidar com ambientes muito competitivos,
chefes exigentes,
sobrecarga de tarefas,
incapacidade para lidar com prazos apertados,
ausência de competências específicas que permitam realizar determinada função, etc.
Nalguns casos a pessoa que pede ajuda reconhece que a ansiedade que sente é independente do emprego atual, na medida em que os níveis de stress são anteriores a esta colocação; noutros a pessoa afirma que sempre se sentiu confortável no desempenho do papel profissional mas que determinadas mudanças recentes (um chefe novo, maior competitividade, despedimento de colegas, etc.) acarretaram a subida dos níveis de ansiedade. Independentemente dessas circunstâncias, importa quase sempre que a intervenção psicoterapêutica incida sobre as soluções que permitam reduzir significativamente o stress, possibilitando maior rendimento profissional mas, principalmente, níveis mais ajustados de segurança emocional.
Há muito em comum entre as pessoas que apresentam queixas associadas ao stress profissional:
A recorrência dos pensamentos negativos,
a aceleração do batimento cardíaco,
as dificuldades de concentração,
a falta de habilidade para gerir o próprio tempo
e a deterioração das relações laborais.
Estes elementos comuns levam a que também os processos terapêuticos associados tenham, quase sempre, uma base comum e que inclui:
- A aplicação de exercícios específicos que permitam colocar um travão às crenças irracionais. Por exemplo, a pessoa pode ser desafiada a registar os pensamentos automáticos negativos associados à elevação dos níveis de ansiedade para que posteriormente se possa, em sede de terapia, desconstruí-los e substituí-los por pensamentos mais razoáveis;
- O treino de assertividade, através do qual a pessoa aprende a distinguir entre comportamentos assertivos, agressivos, passivos e manipuladores e assume, progressivamente, uma maior capacidade para exteriorizar aquilo que pensa e sente de forma clara e honesta, independentemente do interlocutor. Este treino inclui a monitorização do próprio comportamento em situações específicas, bem como a assunção de passos que permitam uma abordagem cada vez mais segura em diferentes cenários profissionais;
- Treino de relaxamento, que pode incluir técnicas de respiração bem como a meditação. Um exemplo: num momento de calma a pessoa experimenta fechar os olhos ao mesmo tempo que se imagina no cimo de 10 degraus, carregada da ansiedade que normalmente experimenta em contexto profissional. Depois, com a ajuda do terapeuta, inspira fortemente e solta o ar de forma gradual, centrando-se na capacidade de se auto-acalmar. De seguida imagina que desce um degrau e repete o exercício de respiração. A chegada ao degrau zero deve implicar o relaxamento corporal e emocional.
- Monitorização dos diferentes afazeres profissionais e distribuição de tarefas de acordo com regras específicas que permitam uma gestão mais eficaz do tempo. Dentre outras habilidades, a pessoa aprende a distinguir tarefas urgentes mas não importantes, urgentes e importantes, importantes mas não urgentes e tarefas que não são nem importantes nem urgentes.
Claro que cada caso é único e especial e cada plano terapêutico é ajustado às necessidades específicas de cada pessoa. Mas, em resumo, a pessoa que se queixa de stress no trabalho e pede ajuda psicoterapêutica desenvolve estratégias que lhe permitem:
- Mudar aquilo que, no ambiente profissional possa ser mudado;
- Alterar a sua própria reação às situações até aqui geradoras de níveis elevados de ansiedade.