São os laços afetivos que se deterioram,
os casamentos que vão por água abaixo,
os filhos que crescem com marcas profundas,
os traumas que os ensombram até à idade adulta,
as dificuldades financeiras,
o fraco desempenho profissional,
a violência doméstica...
E por aí fora.
Só quem tem ou teve um familiar alcoólico conhece bem o inferno que lhe está associado.
Apesar de se tratar de um problema que, em muitos casos, após intervenção médica e psicoterapêutica, é ultrapassado, continua a existir muita controvérsia em relação a uma questão:
O ALCOOLISMO É OU NÃO UMA DOENÇA?
A resposta parece óbvia mas a própria comunidade científica divide-se. Os Alcoólicos Anónimos funcionam sob o princípio de que o consumo abusivo de álcool não é uma doença, logo, não pode ser tratado. Pode, isso sim, ser controlado através da abstinência e com o apoio dos grupos de ajuda. Entre médicos e psicólogos, ainda que não haja consenso, impera a visão do alcoolismo como doença que pode ser tratada.
Recentemente foram feitos estudos que apontam para a possibilidade de alguns medicamentos terem a capacidade de interromper o ciclo de adição do alcoolismo. No entanto, uma parte da comunidade médica opõe-se a esta ideia.
Tudo aponta para que o alcoolismo seja efetivamente uma doença. No entanto, é possível que não se trate apenas de UMA doença, mas de várias.
Tal como não existe apenas um tipo de cancro, existirão diferentes tipos de alcoolismo e é por isso que existe tanta resistência à ideia de um medicamento poder ser a resposta para todas as situações de abuso do álcool.
Nalguns casos, o problema resulta de alterações genéticas, enquanto noutros tratar-se-á de uma consequência de outra perturbação, como a depressão ou a perturbação pós stress traumático.
Assim, ainda que a medicação possa vir a ser ajustada para uns, não será com certeza a solução para todos os alcoólicos.