Quase todas as pessoas já experimentaram o medo da rejeição, permitindo que o seu comportamento fosse condicionado pelas crenças irracionais associadas, pelo que o título deste texto não soará estranho à maioria dos leitores. Mas existem pessoas cujo quotidiano é profundamente marcado por este medo, transformando-as em prisioneiras de pensamentos que têm tanto de absurdos como de incapacitantes. De que falamos, então, quando falamos do medo da rejeição?
Falamos de pessoas que têm um medo intenso de não serem aceites pelos outros tal como são e que, em função disso, perdem espontaneidade na interação social.
Não raras vezes, bloqueiam numa conversa aparentemente simples com medo de dizer alguma coisa ou fazer algum gesto que possa ser ridicularizado pelo interlocutor. Como a sua mente está sistematicamente preocupada com a aprovação dos outros, aumenta a probabilidade de fazerem escolhas que são, efetivamente, vistas como estranhas – como por exemplo a fuga repentina a qualquer evento social.
Em função da necessidade constante de agradar, estas pessoas podem sentir dificuldades sérias em fazer escolhas pessoais – na vida académica, na vida profissional ou até nas relações afetivas e no lazer.
Outras consequências deste bloqueio:
Falta de coragem para assumir gostos ou interesses diferentes dos outros;
Falta de assertividade (a pessoa não tem coragem para ser honesta e assume muitas vezes comportamentos passivos, anulando-se e expressando agressividade em privado);
Incapacidade de exteriorizar as próprias emoções;
Confusão a respeito da própria identidade (porque a pessoa passa a vida a usar máscaras).
O que é que pode estar na origem deste medo exacerbado?
Auto-imagem distorcida da realidade e baixa auto-estima associadas ao facto de estas pessoas terem sentido seríssimas dificuldades de afirmação na família de origem (existindo muitas vezes pais muito repressores).
Experiências traumáticas geradoras de rejeição como, por exemplo, o divórcio (destrutivo) dos progenitores.
Inexistência de figuras afetivas de referência que as tivessem aceite tal como são.
Falta de experiência na gestão de conflitos.
Inexistência de competências sociais que permitam a adaptação a grupos de pares.
Isolamento social.
Deficiência física/ imperfeição que possa ter contribuído para a crença irracional de que os outros as veem como inferiores.
A intervenção psicoterapêutica junto destes pacientes incide quase sempre na aquisição e desenvolvimento de competências sociais que permitam ultrapassar estas dificuldades. Isso também passa por:
Aceitar que
MUDAR É BOM.
Para que haja resultados diferentes do habitual, é preciso assumir comportamentos diferentes e, para isso, é preciso
ARRISCAR.
Aprender a lidar com o insucesso. Não raras vezes, é mesmo preciso
COLECIONAR INSUCESSOS
e aprender a lidar com as rejeições. Quanto mais nos expusermos à rejeição, maior a probabilidade de sermos bem-sucedidos.
Mais: antecipar
ESTRATÉGIAS PARA LIDAR COM A REJEIÇÃO.
E interiorizar que, de cada vez que dizemos “Ok, fica para a próxima” como resposta a um “Não”, estamos a avançar.
Aceitar que a
EXPOSIÇÃO AO RIDÍCULO
faça parte do processo.
ACEITAR A REJEIÇÃO,
o que implica deixar de olhar para a rejeição como algo pessoal, mas antes como uma coisa que
FAZ PARTE DA VIDA DE TODAS AS PESSOAS.