Numa altura em que o divórcio é assumidamente uma etapa do ciclo de vida, na medida em que um em cada dois casamentos resulta em divórcio, são muitos os adultos que, ao fim de anos (às vezes décadas) de compromisso, se vêem a braços com as inseguranças associadas a voltar a encontrar um parceiro. Em muitos casos, a desorientação é de tal ordem que a pessoa recém-separada se convence de que jamais conseguirá voltar a enamorar-se e/ou a despertar o interesse de alguém. Noutros, há uma profunda vontade de voltar a viver uma paixão ao mesmo tempo que os medos mais ou menos irracionais tomam conta do pensamento.
Quando surge a oportunidade de voltar a namorar, é usual surgirem inseguranças do tipo “Será que ele(a) vai achar que sou interessante?” ou “Como devo comportar-me?”, como se fosse mais importante centrarmo-nos no que a outra pessoa pensa ou sente em vez de nos concentrarmos naquilo que queremos.
E em função da centração nos interesses e nas necessidades da outra pessoa, há o risco de permitir que a auto-estima caia a pique. Porque é isso que acontece quando alguém coloca os interesses da pessoa em quem está interessado acima dos seus, porque é isso que acontece quando as acções são movidas pela insegurança e pelo desespero, mais do que pela paixão ou pelo interesse genuíno no outro.
O que acontece quando o medo toma conta de quem está enamorado? A vontade de agradar ao outro “cega” e, a páginas tantas a pessoa esquece-se de si mesma, esquece-se de reivindicar e assume um complexo de inferioridade.
A partir daqui é relativamente fácil entrar num ciclo vicioso – a pessoa que está desesperada revela-se pouco interessante aos olhos do outro e sente-se cada vez menos segura de si, do seu valor.
Voltar a amar é, na maior parte das vezes, muito positivo. Quase todas as pessoas sentem necessidade de viver uma relação íntima. Mas é fundamental que essa necessidade obedeça a alguns princípios:
- Concentre-se mais naquilo que quer e não tanto no que a outra pessoa quer. Pergunte a si mesmo(a) “Gosto dele(a)?” – a resposta pode parecer-lhe óbvia mas a verdade é que o facto de perder demasiado tempo a perguntar “Será que ele(a) gosta de mim?” pode levá-lo(a) a esquecer-se do essencial.
- Lembre-se de que é preciso tempo para conhecer realmente a outra pessoa. Podemos apaixonar-nos ao primeiro olhar mas o “Amor à primeira vista” é um exclusivo de Hollywood.
- Procure perceber se a pessoa de quem gosta partilha os seus valores, os seus princípios de vida. Por mais interessante que o outro seja, se não houver uma base comum, é só uma questão de tempo até que a frustração tome conta de si. A máxima que diz que os opostos se atraem é outro exclusivo de Hollywood.
- O sexo faz parte das relações íntimas entre adultos mas evite precipitar-se. Se o outro não for capaz de esperar até que ambos se sintam seguros, é porque é provavelmente uma pessoa demasiado impulsiva.
- Procure conhecer o que correu mal nas relações anteriores da pessoa de quem gosta. É possível que os erros e as vulnerabilidades do passado condicionem o futuro desta relação.