Já reparou com certeza no facto de existirem pessoas mais simpáticas do que outras. Existem certamente à sua volta exemplos de pessoas afáveis, com as quais empatizou de forma quase automática, do mesmo modo que existem pessoas que, sem nunca o terem propriamente maltratado, o fazem dizer "Não vou com a cara dele(a)". Já parou para pensar no que distingue estas pessoas? E, já agora, em que categoria se encaixa o leitor?
Considera-se uma pessoa simpática?
Não me refiro à imagem que as pessoas próximas têm de si, mas a uma análise mais objectiva e global.
Condicionados pela azáfama dos deveres do dia-a-dia, são poucas as vezes em que paramos para pensar no nosso próprio comportamento, nos gestos mais simples, na forma como diariamente lidamos com os outros. Limitamo-nos a reclamar a ausência de um sorriso do funcionário que nos atendeu na repartição pública ou a queixar-nos da rudeza do empregado do restaurante, sem que nos demos ao trabalho de olhar para a nossa própria linguagem não verbal.
Afinal, quantos de nós podem afirmar com segurança que somos pessoas simpáticas? E por que é importante sermos simpáticos?
Definitivamente, ser simpático é mais do que um sinal de boa educação e respeito pelos outros. É também um sinal de inteligência emocional, da capacidade para nos descentrarmos de nós mesmos e de competências sociais que nos permitem criar laços. Lembre-se da última vez em que alguém o surpreendeu com um cumprimento ou um gesto de simpatia. Como é que se sentiu? E o que é que sentiu em relação à pessoa em causa? Que importância teve aquele pequeno gesto? Agora reflicta no sentido inverso - lembre-se da última vez em que foi genuinamente simpático com alguém. Como é que se sentiu? O que observou no comportamento do seu interlocutor? Que importância teve o seu pequeno gesto?
Ser simpático pode passar por cumprimentar os colegas com um sorriso verdadeiro, tocar no braço de alguém que tropeça à sua frente e perguntar se está tudo bem, responder ao apelo de um familiar em vez de encolher os ombros... Seja qual for o gesto, o resultado é quase sempre o mesmo: quando somos simpáticos criamos bem-estar e segurança a quem está do outro lado. Simultaneamente, sentimo-nos melhor connosco, mais seguros, mais confiantes, como se o facto de agradar conscientemente aos outros fosse uma forma de gratificação. Mas a verdadeira gratificação advém do sentimento de pertença que se cria, nomeadamente entre pessoas que se cruzam diariamente, seja em contexto familiar, seja em contexto profissional. Quando somos simpáticos e criamos a tal segurança nos outros, permitimos que essas pessoas baixem a guarda e se sintam à vontade para se revelar. Por outro lado, criamos uma espécie de reserva afectiva que permite que quem está à nossa volta seja genericamente mais tolerante com as nossas falhas, em vez de assumir respostas impulsivas, reactivas e agressivas.
Para avaliar/ treinar a sua simpatia siga alguns passos:
- Lembre-se da última vez em que alguém se mostrou preocupado consigo, com o seu bem-estar.
- Lembre-se de um momento em que alguém tenha sido simpático consigo.
- Lembre-se de um momento em que tenha sido simpático com outra pessoa.
- Tente visualizar a postura, os gestos, os movimentos e a expressão facial de uma pessoa que você conhece e que é, aos seus olhos, genuinamente simpática.
- Relaxe o seu corpo, sorria e estabeleça contacto visual com quem está à sua volta.
- Seja autêntico.
Ser simpático para alguém não significa ser amigo dessa pessoa, nem sequer concordar com tudo o que ela diz ou faz. Mas faz toda a diferença quando substitui a atitude irritável, o ar zangado e a indisponibilidade que tantas vezes levamos para o trabalho.
No entanto, é no meu trabalho com casais que mais me surpreendo pela negativa com a falta de afabilidade entre pessoas que, estando juntas há anos, passaram a olhar-se como adversárias e não como parceiras.
Quando, pelo contrário, cada um dá o seu melhor no sentido de mostrar atenção, disponibilidade, simpatia e carinho aqui e ali, as transformações são encantadoras. Experimente!