Alguns mitos associados à conjugalidade são veiculados com tanta força que se transformam em verdades inquestionáveis. Importa analisá-los e perceber até que ponto correspondem à realidade.
O CASAMENTO É UM MAR DE ROSAS.
ERRADO: Há fases de grande intimidade entre os membros do casal e fases de grande afastamento. Independentemente das mudanças por que um casal passa ao longo do ciclo de vida, também há mudanças individuais. As alterações vividas no universo extraconjugal influenciam em larga escala o estado emocional dos cônjuges, pelo que é natural que existam períodos de menor sintonia. Como o casamento é um conjunto de memórias, quanto mais memórias positivas vividas a dois existirem, maior a probabilidade de os membros do casal ultrapassarem os períodos de afastamento.
O MEU CÔNJUGE SABERÁ SEMPRE O QUE EU QUERO, SEM QUE SEJA PRECISO QUE EU LHO DIGA.
ERRADO: Um dos “segredos” para o sucesso das relações, em geral, e dos casamentos, em particular, está na clareza da comunicação. Numa relação amorosa, esperar que o cônjuge tenha a capacidade de “ler pensamentos” implica correr riscos desnecessários. É verdade que, quanto maior for o entendimento entre os membros do casal, maior a probabilidade de se conhecerem mutuamente e, assim, anteciparem as respectivas necessidades. Contudo, as expectativas de cada pessoa em relação ao seu companheiro devem ser expostas de forma clara e honesta, para que este possa agir em conformidade. Caso contrário, o casal expõe-se a equívocos de comunicação que podem ser perigosos.
O AMOR É SUFICIENTE PARA QUE HAJA BOM ENTENDIMENTO SEXUAL.
ERRADO: As perturbações relacionadas com a sexualidade podem ter diversas origens. Nalguns casos, há alterações fisiológicas, que requerem a intervenção especializada. Noutros, há constrangimentos psicológicos que podem ser mais ou menos graves. A resolução destas dificuldades depende muito da capacidade dos membros do casal para exporem as suas dúvidas, as suas inseguranças, ou até os seus bloqueios, de forma honesta. Quanto maior o diálogo entre os cônjuges, maior a probabilidade de ultrapassarem com sucesso as suas dificuldades. A comunicação aberta e livre de preconceitos permite que os casais resolvam, por si próprios, muitas destas dificuldades. E, quando isso não é possível, permite-lhes chegar rapidamente à conclusão de que precisam de recorrer à ajuda especializada.
O MEU CÔNJUGE COMPENSAR-ME-Á POR TODAS AS FRUSTRAÇÕES DO PASSADO.
ERRADO: A vida a dois constitui uma oportunidade para que as pessoas possam formar a sua própria família nuclear, desvinculando-se de alguns padrões de relacionamento negativos da família de origem ou de relações anteriores. Os membros do casal têm, por isso, oportunidade de “escrever” a sua própria história à medida dos valores e dos princípios de vida em que acreditam. Contudo, nem o passado pode ser apagado, nem ninguém tem varinhas de condão capazes de transformar a realidade num conto de fadas. Cada pessoa deve esperar do seu cônjuge um conjunto de qualidades e defeitos. Nesse sentido, é natural que nem todas as experiências vividas a dois sejam positivas. Todos os cônjuges erram e não devem ser crucificados por isso. Pelo contrário, os conflitos permitem que a relação amadureça.
O CONFLITO É MAU PARA A RELAÇÃO.
ERRADO: O conflito, por si só, não é prejudicial à relação. O problema está na forma como os casais discutem. Aqueles que transformam cada discussão numa batalha da qual só um sairá vencedor, tendem a sentir-se encurralados nos próprios conflitos. Mas os casais que encaram as divergências como parte integrante da relação amorosa, capaz de contribuir para a intimidade do casal, ultrapassam com relativa facilidade as divergências.