O início de uma relação amorosa é marcado pelo encantamento e pela descoberta de qualidades sem fim. Os defeitos parecem não existir e, se existirem, são desvalorizados. Claro que à medida que a relação amadurece aprendemos a lidar com o nosso cônjuge como um todo, com características positivas e negativas. Conhecemo-lo cada vez melhor, revelamo-nos (para o bem e para o mal) e a intimidade cresce.
A partilha de experiências promove o conhecimento mútuo, a intimidade e a sintonia entre os membros do casal, pelo que constitui uma variável importante da vida a dois. Essa partilha inclui os acontecimentos que se desenrolam ao longo da relação, mas também as experiências passadas. Neste “capítulo” as experiências amorosas anteriores são um tema incontornável. Mais tarde ou mais cedo é natural que queiramos saber quantas relações amorosas é que o nosso companheiro teve, quais foram as mais significativas, o que correu mal… Mas isso não quer dizer que o casal deva parar um dia para responder a um interrogatório. De uma forma geral, esta partilha é feita gradualmente, tratando-se de um processo natural.
Mas para alguns casais este conhecimento mútuo enfrenta alguns constrangimentos. Podemos sistematizá-los em dois tipos de dificuldades:
- Quando um dos membros do casal se recusa a conhecer o passado amoroso do cônjuge. Esta dificuldade pode advir de sentimentos de insegurança e/ou ciúme e tende a gerar um ciclo vicioso: se um não quer ouvir, o outro também não vai querer fazê-lo.
- Quando um dos membros do casal adopta uma perspectiva avaliadora em relação ao passado amoroso do cônjuge. Neste caso, a partilha que um faz não é acompanhada de apoio, mas de um juízo de valor. Este tipo de pressão condiciona a partilha de outros episódios e constrange o conhecimento mútuo (“Prefiro não contar, senão vai julgar-me e atirar-me à cara).
Sempre que as pessoas evitam este conhecimento mútuo, estão a desperdiçar a oportunidade de aprenderem a lidar de forma mais eficaz com o seu cônjuge. De facto, os casais felizes revelam, antes de mais, um conhecimento mútuo muito extenso. Estas pessoas conhecem verdadeiramente a história de vida do seu cônjuge – conhecem os seus gostos, os seus conflitos internos, o seu percurso e a sua forma de pensar e sentir em relação às pequenas e grandes questões da vida.
Os episódios emocionalmente significativos vividos nas relações amorosas anteriores (nomeadamente os padrões de relacionamento com os “ex”) podem ter deixado marcas importantes e, por isso, influenciam a vida conjugal.