Um marido, cansado das sucessivas discussões conjugais, decidiu reformular a sua vida. Assim numa noite pensou: “A partir de amanhã, quando acordar, vou fazer tudo o que puder para evitar discussões”. No dia seguinte, ao aperceber-se de que a mulher já estava acordada, deu início ao seu novo projecto. Assim, disse-lhe, eufórico, “Bom diiiiia!”. A mulher respondeu, num tom mais-do-que-agressivo, “O que foi? Já começas?!!!”.
Este exemplo anedótico serve para ilustrar o estado de nervos que atravessa muitos casais na altura em que decidem pedir ajuda. Ao contrário do que seria expectável, pelo menos aos olhos da população não especializada em terapia conjugal, os casais “em risco” já não discutem por grandes questões. Os casais insatisfeitos discutem por tudo e por nada – todos os tropeções do quotidiano se transformam em batalhas em que a escalada de violência é avassaladora.
Mas como é que é possível que antigos amantes se transformem em arqui-rivais, capazes reconhecer maldade em gestos triviais? A resposta passa, em grande medida, pela utilização de estratégias ineficazes de comunicação.
E qual é o papel do terapeuta conjugal? Ajudar os membros do casal para que consigam implementar as mudanças necessárias nesta área. Para isso, é importante fomentar a auto-análise, estabelecer compromissos e reconhecer que se ama (e que se quer continuar a amar).
A propósito, já repararam que quando não gostamos de uma pessoa, até a maneira como essa pessoa mastiga ou pega nos talheres nos incomoda? E que, quando a amamos, ela até pode colocar os pés em cima da mesa porque vamos continuar a achar-lhe imensa piada?